O racismo é considerado um elemento central na produção de desigualdades raciais e, nas últimas décadas, houve um grande crescimento nas pesquisas sobre as várias maneiras pelas quais pode atuar e afetar negativamente a saúde, sendo reconhecido com um importante determinante social no processo de produção de saúde e doença. Esse interesse foi impulsionado pelas persistentes iniquidades raciais em saúde observadas e pelas evidências de que fatores socioeconômicos isoladamente não são suficientes para explicá-las. Uma das formas pela qual o racismo se manifesta é através da discriminação, ou seja, o tratamento desigual e injusto a membros de um determinado grupo social, resultante de crenças e preconceitos, refletindo padrões de dominância e opressão, e disputas por poder e privilégios sociais.
Um número crescente de pesquisas ao redor do mundo sugere que experiências de discriminação são uma forma de estresse psicossocial que afeta negativamente a saúde mental e física em diferentes grupos raciais e étnicos. Essas evidências sustentam a ideia de que a discriminação pode ser um fator central para as desigualdades raciais em vários indicadores importantes de saúde. Apesar das especificidades sociais e históricas, a discriminação pode ser vista como uma construção universal, com aspectos e formas de manifestação comuns em diferentes grupos populacionais.
A discriminação racial, em especial, é considerada um estressor que pode levar a respostas comportamentais, psicológicas, culturais e fisiológicas que podem prejudicar a saúde2. No Brasil, a discriminação é reconhecidamente um dos fatores estruturantes das desvantagens econômicas e sociais enfrentadas por grupos raciais socialmente vulnerabilizados. Entretanto, a incorporação teórica e metodológica desse fenômeno social em estudos epidemiológicos tem sido um movimento contínuo, em constante discussão e atualização. O objetivo desta publicação é apresentar a análise descritiva da Escala de Discriminação Cotidiana aplicada pela primeira vez em todo território nacional como parte de um inquérito de saúde como estímulo à ampliação da discussão sobre métodos para análise da discriminação, seus mecanismos e consequências na produção de iniquidades raciais no Brasil.
O Mais Dados Mais Saúde é um programa de inovação no levantamento de dados em saúde, realizado por Umane e Vital Strategies, em parceria técnica com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e com apoio do Instituto Devive. Nesta edição, o inquérito contou também com o apoio institucional do Ministério da Igualdade Racial (MIR).
Recent Abstracts
What’s in Our Food?
Mais Dados Mais Saúde
Monitoramento de Estratégias pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes
The Power of Storytelling: Guidance for the Creation of Testimonials
Lead Poisoning and Early Childhood Development
Prioritizing Evidence Gaps: Air Pollution and Health Impacts of Climate Action
Raising Alcohol Taxes to Reduce Harm: Fact Sheets for Brazil
Risk of mortality by aggression: A retrospective cohort study in women with notification…
How the Alcohol Industry Steers Governments Away From Effective Strategies to Curb Drink…
Analysis of the Efficacy of Alcohol Industry-Sponsored Drink-Driving Campaigns